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Custa caro livrar-se do lixo

Prefeitura gasta mensalmente até R$ 730 mil para recuperar área e enviar resíduos para Candiota

Jerônimo Gonzalez -

Fotos: Jerônimo Gonzalez - Especial DP

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A prefeitura gasta mensalmente R$ 130 mil para manter fechada e recuperar a área degradada de sete hectares, localizada próxima ao Centro, onde funcionou por 30 anos o aterro sanitário de Pelotas. Há quatro anos o terreno recebe atenção ininterrupta para controle do gás gerado e do chorume, líquido resultante da deterioração da matéria orgânica proveniente dos resíduos sólidos, com alto poder de poluição pela carga orgânica. Além disso, são mais entre R$ 500 mil e R$ 600 mil para mandar o lixo coletado para Candiota.

Existe todo um trabalho que as pessoas desconhecem. Não se trata simplesmente de encerrar o local onde um dia funcionou um aterro e virar as costas. E o resultado do processo de recuperação da área é visível: nem de longe o lugar hoje lembra o que foi um dia, ou seja, um espaço que recebeu mais de um milhão de toneladas de resíduos. A área está coberta por vegetação, até para evitar erosão. Não fossem os 54 queimadores de gás instalados, as lagoas de tratamento do chorume e as duas estações de tratamento de esgoto formadas por um complexo de filtros e lagos, ninguém diria que há quatro anos era um depósito de lixo.

Não há cheiro, moscas, roedores, nem baratas. Ao longo da área verde pode-se ver até mesmo algumas partes com flores. Já foram gastos desde o início do projeto quase R$ 5 milhões e o trabalho prosseguirá ainda por mais 16 anos, tempo determinado por órgãos ambientais para recuperação total da área degradada. Após esse período o local poderá se transformar em área de preservação de algumas espécies arbustivas. Não tem como virar parque porque as raízes de árvores plantadas podem causar fissuras no solo e o consequente vazamento de chorume.

Segundo o chefe do Departamento de Resíduos do Sanep, Édson Plá Monterosso, ao longo de dez a 15 anos o chorume diminui e o gás emitido, a partir do sexto ou sétimo ano após o encerramento do aterro. "Isso impede as instalações prediais", explica. O aterro sanitário controlado de Pelotas é positivo, ou seja, não é feita escavação, são criadas diferenças de níveis, o sistema de drenagem fica embaixo e o aterro para cima. É menos impactante, destaca.

É feita também drenagem pluvial, de modo a não contaminar a água da chuva, que passa por tubulação e embaixo de pedras onde ocorre a degradação da matéria orgânica, que funcionam como substrato aos microrganismos. Se não houvesse tratamento da área ocorreria contaminação do solo, juntariam bichos e o local se transformaria em um foco de transmissão de doenças. O projeto é do Sanep e desenvolvido por empresa que venceu licitação, que deve ser feita a cada quatro anos. Nos próximos 30 dias será realizada outra.

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Lixo de Pelotas vai para Candiota
Ao encerrar o aterro sanitário a prefeitura inaugurou a Estação de Transbordo de Resíduos Sólidos, localizada na BR-392. Para lá vai o lixo gerado pela população, que diariamente é enviado para o aterro de Candiota. São 20 toneladas de lixo, em dez viagens por dia, transportadas por carretas de 110 metros cúbicos. O gasto mensal, de acordo com o diretor-presidente do Sanep, Jacques Reydams, fica entre de R$ 500 mil e R$ R$ 600 mil. No início de 2017 será realizada licitação pública para destinação do lixo local, pois encerra-se o contrato com Candiota.

Outras alternativas para destinação
Dos 497 municípios gaúchos, 300 mandam seus resíduos para a CRVR, empresa com aterros sanitários em Minas do Leão, Santa Maria, São Leopoldo e Giruá. Está em fase de licenciamento de outras três, em Pelotas, Viamão e Victor Graeff. De acordo com Monterosso, existem outras alternativas para destinação final do lixo, entre elas a compostagem, que é o tratamento da matéria orgânica para fazer adubo. Além de um custo muito alto, há dificuldade porque a maioria das pessoas não separa o lixo. Algumas usinas utilizam esse método, mas hoje não passam de dez, enquanto que na década de 1980 eram mais de cem no Brasil.

Outra opção é o plasma, tecnologia nova que muda o estado da matéria e oferece segurança na tratabilidade. O Japão e outros países desenvolvidos utilizam, no Brasil ainda não é exercida em nenhuma cidade, até pelo custo, alto demais. No país, 95% das cidades usam os aterros.

O professor de Ecologia Marcelo Dutra destaca que em Pelotas o lixo é um problema menor, quando comparado com a situação do saneamento. O lixo descartado de qualquer jeito e em qualquer lugar é poluição, um perigo e ameaça os ecossistemas e a saúde das pessoas. "Tratar o lixo que geramos é caro e o custo social que representa pesa no orçamento de qualquer município", comenta. Ele considera que a cidade deveria ter o seu próprio aterro sanitário, embora reconheça se tratar de um processo que ainda deve levar um tempo para ocorrer.

Entre outras possibilidades de destinação, salienta a incineração, que consiste na queima dos resíduos em altas temperaturas e a redução de 90% do volume; a compostagem e as usinas de triagem, alternativas ao descarte que visam o reaproveitamento máximo dos materiais, que utilizam mão de obra cooperada, e a geração de energia (o lixo como combustível).

Números locais
- Gasto mensal com aterro sanitário fechado - R$ 130 mil
- Gasto mensal para mandar o lixo para Candiota - Entre R$ 500 mil e R$ 600 mil
- Pelotas produz seis mil toneladas/mês de lixo
- Produção diária de lixo - 200 toneladas
- Coleta seletiva diária - Cinco toneladas/150 toneladas/mês
- A coleta seletiva atinge atualmente 60% da área urbana, entre a coleta porta em porta e o projeto Adote uma Escola (80 educandários)
- Material arrecadado é enviado para cinco cooperativas conveniadas com o Sanep
- Em 2017 ideia é de desenvolver projeto-piloto de coleta seletiva nos bairros, por meio das cooperativas

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